Na fase 2 de seu programa, a C40 Cities Finance Facility apoia a implantação de sistemas de bicicletas compartilhadas com quatro cidade colombianas: Cali, Montería, Bucramanga e Bogotá.
Os sistemas de bicicletas compartilhadas (SBC) são um meio de transporte conveniente e acessível para as cidades, aumentando consideravelmente o uso da bicicletas e seus benefícios para as cidades.
Por esse motivo, a C40 Cities Finance Facility, em parceria com a LatinoSBP.org – a plataforma Latino-americana de Sistemas de Bicicleta Públicas e Compartilhadas – organizou um ciclo de workshops para fomentar a discussão e compartilhar experiências que podem ajudar as cidades pequenas e médias da região a planejarem e implementarem seus SBC.
Durante os workshops, foi criado um Grupo de Trabalho de cidades da região que foram selecionadas com base na sua etapa de planejamento de seus SBC. Assim, foi criada uma rede de cidades a nível regional que podem trabalhar juntas e trocar ideias para contribuir em seus projetos de mobilidade ativa.
O Grupo de Trabalho foi composto pelas seguintes cidades:
Colombia - Cali, Bucaramanga, Monería, Bogotá, Barranquilla, Villavicencio,
México - Querétaro
Ecuador - Ibarra
Brasil - Manaus, Passo Fundo, El Gobierno del Estado de Río de Janeiro, Niteroi
Argentina - Escobar
A seguir, será abordado o objetivo e conteúdo de cada sessão, assim como alguns temas que se destacaram na discussão com as cidades.
Sessão 1 – Estruturação de Sistemas de Bicicletas Compartilhadas
A primeira sessão do Ciclo de Workshops teve como objetivo explorar como pode uma cidade iniciar o planejamento de seu SBC e que estrutura pode ter o sistema. A sessão foi moderada por Mariel Figueroa, Especialista em Mobilidade Urbana e consultora para os projetos de SBC na Colômbia que fazem parte do portfólio de projetos do CFF.
Na primeira sessão, participou Iván de la Lanza, Especialista em Mobilidade Urbana Sustentável, que apresentou os componentes indispensáveis de um SBS e os elementos que devem compor sua estrutura:
- Componentes de investimento
- Fontes de recurso
- Mecanismos de Implementação
- Produtos financeiros
Nesse sentido, Iván apresentou no que consistem os componentes de investimentos dos SBC: Os ativos físicos (bicicletas, estações, cartões do sistema, infraestrutura cicloviária, estacionamentos para bicicletas etc.); os ativos tangíveis (a acessibilidade e inclusão social, política de saúde da cidade etc.); e os processos (planejamento, projeto, operação, aquisição e construção).
Ao finalizar sua apresentação, os participantes em vários grupos para descrever os desafios que enfrentam em suas respectivas cidade em relação ao planejamento de seus SBC. Por exemplo, muitas cidades estabeleceram que um desafio é determinar o alcance do sistema, assim como obter uma adequada articulação institucional. A seguir, se gerou uma discussão com o fim de identificar soluções para cada um dos desafios.
Sessão 2 – Modelos de negócio
Na segunda sessão dos Ciclos de Worskshops, moderada por Iván de la Lanza, foi explorado o tema dos diversos modelos de negócio que se podem utilizar para o desenvolvimento dos SBC.
Iván iniciou a sessão com a identificação dos componentes dos modelos de negócio para os sistemas e explorou em que consiste essa ideia. Explicou que, quando se trata de SBCs, é necessário entendê-los como um todo, incluindo os benefícios para as cidades. Segundo o especialista, “os projetos de mobilidade ativa na Cidade do México tem economizado à cidade 109 milhões de dólares nos últimos 7 anos”.
Além disso, também participaram da sessão Viviana Tobón, Especialista em Mobilidade para o Valle de Aburrá na Colômbia e Fernanda Rivera, Diretora Geral de Segurança Viária e Sistema de Mobilidade Urbana Sustentável para a Cidade do México, que apresentou seus casos práticos relacionados aos modelos de negócio de ENCICLA (Medellín, Colombia) e ECOBICI (Cidade do México).
Depois das exposições de Viviana, o moderador abriu a discussão para que as cidade participantes compartilhassem suas experiências com o planejamento de seus próprios SBCs e os desafios que tenham enfrentado para escolher o modelo de negócio adequado para seus sistemas.
Sessão 3 – Intermodalidade e compartilhamento de dados
Quando se trata de mobilidade urbana, é indispensável que o sistema de transporte público ofereça a integração entre os diversos modos de transportes, inclusive ônibus, metrô, bicicleta e qualquer outro meio adicional. Quando dão importância à intermodalidade, as cidades oferecem aos seus cidadãos a oportunidade de combinar diversos modos de transporte, visando otimizar as viagens cotidianas.
Por esse motivo, a terceira sessão do Ciclo de Worskshops foi focado em explorar como obter a integração dos SBCs e como aproveitar o uso de dados que permitem os sistemas a melhorarem a sua qualidade. Para isso, se contou com a participação de Bianca Macedo, especialista da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos da cidade de Fortaleza, no Brasil, que compartilhou a experiência da sua cidade com a implementação do Sistema de Bicicletas Públicas. Foi apresentado o modelo de negócio para os sistemas, quantos operadores trabalham na operação e como é o financiamento.
Ao finalizar sua apresentação, a discussão gerou questionamentos sobre as licitações dos diferentes sistemas na mesma cidades, da tarifa dos sistemas de Fortaleza e sobre os risco de situações de vandalismo com as bicicletas que estejam em áreas periféricas.
Sessão 4 – Governança e coordenação institucional
O quarto workshop contou com a presença de Lina López, Gerente de Mobilidade Humana da cidade de Medellín e especialista no tema de coordenação institucional com relação a projetos de mobilidade urbana.
Em sua apresentação, Lina explorou o conceito de “governança” que surge como um novo estilo de governo no qual existe um nível maior de comunicação entre os governos e os atores governamentais para assegurar o êxito na formulação de políticas públicas exitosas.
Nesse sentido, Lina afirmou que dentro da política pública de promoção da bicicleta como meio de transporte, tendo em conta um esquema apropriado de governança, se pode implementar e garantir a sustentação dos SBCs. Lina apontou a necessidade e o potencial de sucesso de um modelo de governança através dos estudos de caso: Medellín e Calí.
Ao final, os participantes fizeram um exercício para determinar:
- Que secretarias estão envolvidas no desenvolvimento de seus SBCs?
- Como é o mapa de atores e o fluxo de comunicação?
- Que desafios se enfrentam com relação à governança e coordenação institucional?
Sessão 5 – Operação dos Sistemas de Bicicletas Compartilhadas
Com o objetivo de finalizar com uma sessão especial, a quinta e última sessão do Ciclo de Workshops foi moderada por Mariel Figueroa, especialista em Mobilidade Urbana, que convidou como apresentadores três representantes de operadores privados de SBC.
Na sessão, participaram Mauricio Villar, da Tembici que opera em São Paulo e Santiago do Chile; Ignacio Alva, do sistema “Mi Bici Tu Bici” da cidade de Rosário; y Mário Delgado, da BKT que operam o sistema “Mi Bici” em Guadalajara. Os especialistas apresentaram suas experiências sobre como operar de forma satisfatório um SBC.
Na sessão, Mariel deu ênfase em tratar os seguintes temas relacionados a operação de SBC:
- Tarifa - é possível para os SBCs sustentarem suas operações com as tarifas e planos pagos?
- Indicador viagem/bicicleta/dia – indispensável para medir a eficiência do sistema, quantos empréstimos se realizam em um dia em função da quantidade de bicicletas disponíveis para o uso?
- Roubo e vandalismo – O que as cidades podem fazer para diminuir as perdas causadas pelas condições de segurança urbana?
- Níveis de serviço – o mecanismo que mede o rendimento do operador do SBC
Depois das exposições, os participantes se dividiram em três grupos para realizar um exercício interativo. O exercício consistia em se colocar no lugar dos usuários para determinar que esperam os usuários de um SBC com relação ao momento de inscrição, pagamento, retirada e devolução de bicicletas, além da interação com o operador.
Ao final, os grupos apresentaram as conclusões dos grupos e concordaram que a satisfação dos usuários deve ser pensada desde o planejamento do sistema. Isso deve servir para monitorar o operador e para que mais pessoas utilizem o sistema.
Com o Ciclo de Workshops, C40 Cities Finance Facility fomentou o compartilhamento de conhecimento entre cidades com o fim de criar ainda mais conhecimento. O grupo de Trabalho e os workshops são um esforço mais do Programa para gerar vínculos importantes entre as cidades, e que permitam abrir um canal de comunicação para o aprendizado contínuo. Dessa maneira, as cidades contam com mais ferramentas para gerar ações e políticas públicas de longa duração.